Ela sempre foi
explosiva, de temperamento forte, demonstrando com a mesma impetuosidade amor e
ódio.
Ela sempre fez cenas. Se
a vida fosse um palco, ela seria a estrela do espetáculo. Mais uma vez,
estávamos ali, em uma daquelas despedidas tão triviais, caminhão de mudança em
frente a casa, bagunça por todo lado, resquícios de uma vida toda, espalhados pelo
chão. Eu já esperava alguma cena básica, afinal, era a amiga dela que se mudava.
E não foi diferente.
Eu por outro lado,
herdei de meu pai, o temperamento brando, a austeridade das emoções, as
lágrimas contidas, o equilíbrio tão singular e comum. Eu nunca faço cenas
românticas ou melodramáticas, não faço promessas que não possa cumprir não
alimento sonhos ou ilusões desnecessárias. Eu sempre marco hora, sempre cumpro
os compromissos, as minhas despedidas são sempre formais, não choro, nem
demonstro minhas fraquezas em público.
Temos diferenças
irreconciliáveis, mas confesso que a vendo se derramar em lágrimas e soluços
invejei seu desprendimento, sua falta de pudor em expor-se tão cruamente em
seus sentimentos bons. Tive ânsias de que muitas pessoas soubessem com tamanha
força a falta que me fizeram e as saudades que senti delas, e ainda sinto,
embora jamais tenha dito ou demonstrado isso. E eu, ali parada, desejei por um
momento ser assim também.
NEO (12/03/12)
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