No
começo da batalha, choramos nos desesperamos, dia após dia, semanas após
semanas, e toda a dor que sentimos parece crescer continuamente e não ter um
fim. E só há lágrimas em nós, porque possuímos a capacidade de sofrer, sentir e
suportar o sofrimento.
Mas
com o passar do tempo, já conseguimos adormecer à noite, e já não choramos dias
inteiros. A dor passa a ser real, e por isso mesmo suportável. As lágrimas,
ainda molham nossos rostos, vez ou outra, mas nada que uma boa maquiagem não
disfarce.
Passam-se
os anos, e o sofrimento que sentimos e, principalmente, causamos as pessoas que
mais amamos, vão aos poucos minando nossas forças, diminuindo nossas esperanças
e nos lembrando constantemente do fim.
E num belo dia, você está observando os
desenhos em nuvens, está vendo um filme qualquer na TV, escutando sua música
preferida, ou simplesmente como eu, observando minha mãe cozinhar, e então, uma
pequena e única lágrima escorre em seu rosto.
Você
percebe que aquela é sua última lágrima, e que mais nada no mundo poderá fazer
você voltar a chorar. As suas lágrimas, finalmente, secaram para sempre. Você
perdeu a sua capacidade de sofrer e chorar. Sua capacidade de odiar e amar. Sua
capacidade de sentir dor e suportar. Está tudo acabado.
Chegou-se
ao final da batalha, você passa a não mais correr contra o tempo, apenas
deixa-o correr. Passa-se a aceitar a sua REALIDADE, e não mais fantasiá-la.
Você já não chora mais pelos filhos que não teve, pelo casamento que não viveu,
pela casa que não chegou a construir, ou pela bela carreira que você teria aos
quarenta anos, porque sabe que não vai estar lá para isso. Você deixa de
esperar por um milagre, de fantasiar que num passe de mágica, os cientistas
americanos ou alemães vão anunciar a bendita “CURA” na semana que vem. E isso
tudo é triste, é muito triste, mas é uma tristeza diferente, é uma tristeza que
não te machuca mais, que traz em si certa paz.
Então,
no final da sua imensa e dolorosa batalha, você passa ver a morte não mais como
uma terrível inimiga, e sim como uma amiga através da qual finalmente se
conseguirá o alívio e descanso merecidos.
E
nesse exato momento, você passa a não mais lutar contra o inevitável, não lutar
contra a morte, e sim, desejá-la. Passa-se a desejar que a mesma ocorra da
maneira mais rápida e menos dolorosa possível. Deseja-se apenas parar de
respirar.
E você que fez tanto esforço para viver,
ironicamente, sorri ao dar as mãos à morte!
A
vida e morte são irmãs e as duas são absolutamente irônicas!
Bom eu cheguei nesse
estágio, cheguei ao fim do meu caminho, a minha última lágrima já caiu, e estou
apenas observando o tempo passar. E por ironia ou não, estou me sentindo tão
bem!
NEO
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