sábado, 24 de março de 2012

QUANTO AS DESPEDIDAS

Assim como nem sempre as lágrimas são provas de amor, nem sempre as despedidas são acompanhadas de tristeza, nem sempre a morte é ruim, nem sempre...
Assim como as estrelas sempre estão no céu, mesmo em noites frias e escuras, quando não as veemos, algumas despedidas são acompanhadas de lágrimas de tristeza, outras de sorrisos de compreensão, algumas partidas são turbilhão, outras são pazes! Algumas despedidas são tormentos, outras são descansos!
No final, não importa qual seja a despedida, o que realmente importa é que se encontre em todas elas, finalmente, a paz!

NEO 20/01/2010.
CAMINHOS SEM VOLTA

Os amigos são anjos que nos ajudam a caminhar através desse vendaval chamado vida!Mostrando-nos o caminho de volta, assim que nos perdemos.
Mas alguns de nós pegamos caminhos sem volta! Então quando já não possuem mais forças para caminharem por si mesmos e não podem voltar é o momento das pessoas que amamos, abrirem seus corações e, estenderem suas mãos, finalmente nos ajudando a chegar ao fim do caminho, da maneira mais rápida e menos dolorosa possível!
Quando se ama muito alguém, e já não se pode ajudá-lo a voltar, é preciso ajudá-lo a ir embora!
Eu acredito que quando amamos verdadeiramente alguém, nós fazemos sempre o que é melhor pra ela, mesmo que isso signifique renúncia, mesmo que isso possa fazer nossos humildes corações humanos sangrarem, mesmo que isso signifique ajudá-la a ir embora para todo o sempre!Mas você sempre fará o que for melhor para ela. Essa é a única razão de se amar verdadeiramente alguém!

NEO (09/01/2010)
ROSAS VERMELHAS

Aquele fim de junho estava sendo muito frio, ela olhou pela janela o céu nublado e escuro, ajeitou a touca vermelha e preta na cabeça, fechou melhor o grosso casaco de lã escuro, esfregou as mãos ao sair pela porta, era difícil de respirar naqueles dias.
Atravessou a rua com passos lentos, a caminhada não era longa, devia demorar uns dez ou quinze minutos até a estação – detestava manhãs nubladas e frias – sempre atrasava! Hum... Aquele cheiro de café e baunilha que vinha da padaria da esquina e lembrou-se dos cafés aos sábados à tarde com seu velho pai de cabelos brancos e ar compassivo, sentiu uma profunda saudade de velhas memórias... Então pensou num relance – Na volta vou comprar rosas vermelhas para papai! – Eis a única coisa que unia ela ao seu pai – O gosto comum por rosas vermelhas – Porque será DEUS que as rosas são vermelhas?! – Pensou consigo e sentiu certa angústia por não saber tantas respostas quanto gostaria de saber!
Viu o garoto passar correndo à sua frente, viu os cabelos louros brilhando – nem percebeu seu olhar assustado e a arma em sua mão– e sorriu, pensando na energia e incrível disposição do menino sob o frio intenso, sentiu-se viva e bem consigo mesma – ergueu a gola do casaco e ouviu o grito do menino louro, e sentiu apenas a bala atravessar sua carne, havia gosto de sangue na boca e lembrou-se das rosas vermelhas.
O dia seguinte estava lindo, havia um sol magnífico sobre as altas copas das árvores iluminando o vivo verde dos gramados, quando colocaram seu caixão na fria cova. Os amigos choraram sua partida e em seu túmulo deixaram dezenas de rosas vermelhas – suas preferidas.

NEO – 26/06/09.

NÃO SE PREOCUPE COMIGO

Não se preocupe comigo, são somente lágrimas de uma despedida, dessas tantas que já tive na minha vida!
Eu vou ficar bem, como sempre!
Assim que a dor acalmar, assim que o coração parar de sangrar...
Talvez eu volte a te ver novamente, talvez me faça pra sempre ausente!
Mas é certo,mesmo que longe, aínda assim vou te amar...
Amo-te assim, de um jeito calmo, te amo como um querer bem, como um carinho, como um afago...
Deixo-o ir, porque sei que é mais feliz na minha ausência!
Eu fico aqui, fico de boa, eu já sei me cuidar sozinha, e a solidão já virou companhia!
כ ך

NEO (DEZ/09)


NOVEMBRO CHUVOSO

É uma manhã de sábado chuvosa, em um dia qualquer de novembro, pela vidraça eu vejo a chuva e o som do vento balançar as árvores. O céu é cinza. As paredes são cinza. E até minha alma está cinza nesse momento.
Depois de eu muito insistir, e gastar todas as palavras que tinha, convenceu-se em ir embora! Fiquei feliz. Está sendo um novembro chuvoso aqui no sul, os ventos gelados vindos do mar, nos corta a carne, feito navalhas. A capital gaúcha parece chorar em dias assim.
Há um silêncio absoluto aqui. Mas não é um silêncio triste ou inquietante, é um silêncio companheiro e consolador. Gostos desses dias, dessa chuva que me acalma, estou só há dois dias, mas acho que nunca estive tão bem. É bom não precisar conversar sobre coisas banais, não ter que sorrir sem querer, não precisar fingir uma alegria que não sinto. É bom comer em silêncio, ouvir o barulhinho encantador da chuva caindo, chorar em silêncio. Há uma PAZ incrível, nisso tudo.
Eu a amo, sem dúvida, mas não a quero aqui. Não suporto ver seu semblante piedoso, há lágrimas em seus olhos, embora não chore mais. Já me acostumei com a solidão, e fico melhor quando estou só.
Não é desamor, é lealdade.
Esse lugar foi construído para acolher a dor, o desespero, as lágrimas, o sofrimento humano. Há som de gritos, soluços e gemidos. Os olhares estão sempre acompanhados de uma profunda tristeza.  E nessas paredes abriga-se a paz pesada da morte.
Não há flores, nem a doçura dos sorrisos, não se escuta músicas, nem se vê a alegria de vida nos olhares, não há esperança, e por mais que o sol brilhe lá fora, aqui dentro é sempre escuro e frio.
Preciso dela longe de mim, não posso vê-la aqui, me faz mal. Quero vê-la feliz, e aqui não há espaço para felicidade.
 Não é que não sinta sua falta, mas sua ausência deixa-me mais tranqüila. Não é desamor, ao contrário, é amor demais. Porque, TE AMO, não a quero do meu lado, nesse meu triste e amargo fim.
Deixe-me aqui, na companhia de meus livros, no silêncio absoluto desse quarto, na doce companhia dessa fria chuva de novembro.
Não podes me acompanhar nessa nova caminhada. Tu fizeste tua parte, mãe querida. Daqui, eu sigo sozinha.
NEO (Nov/09)
MILAGRES DO TEMPO

Dizem que o tempo faz milagres, cura todas as feridas, é capaz de amenizar todas as dores, mas por mais que o tempo tenha passado, eu não esqueci, a dor contínua doendo aqui dentro, e minha raiva e revolta é cada vez maior, sinto medo de mim mesma em certos dias!
O tempo não foi uma solução para mim, pra falar a verdade eu sempre duvidei que ele tivesse o poder de fechar essas minhas velhas feridas. A dor é tão forte e tão presente hoje que sinto dificuldade de respirar!

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NEO (19/09/09)

NÃO TE ESQUECI

Não te esqueci, como eu poderia fazê-lo? Você existiu! Como se apaga a recordação de alguém que te fez sorrir? Que sentou contigo num banco de praça no domingo de tarde? Que dividiu pipoca com você no cinema? Que segurou suavemente sua mão e lhe beijou carinhosamente os cabelos? Alguém que te emprestou o casaco numa fria noite de julho para te proteger do frio?Alguém que te beijou com paixão e te fez promessas de amor eterno? Mesmo os amores, nunca sendo eternos. Diga-me você, como se faz para apagar a lembrança de “alguém”, que mesmo por um único dia de sua vida, foi real!
Fiquei ali parada, olhando o castanho, cor de terra de seus olhos, e pensando como se pode “esquecer alguém” que cruzou seu caminho numa manhã de sábado, num dia quente de domingo, numa segunda chuvosa ou numa noite fria de sexta-feira! E que por algumas horas, dias, meses ou anos, fez seu coração acelerar, fez você sentir aquele frio gostoso na barriga, e te fez sorrir sozinho, feito um perfeito idiota, dentro do carro em um daqueles infernais engarrafamentos depois do trabalho?
Sorri. E a resposta, veio assim, como do nada, como se sempre estivesse ali, veio simples, direta e verdadeira:
_________Eu nunca o esqueci, nem que quisesse, poderia fazê-lo! Faz parte da minha história. Apenas deixei de amá-lo!
Olhamo-nos por alguns instantes. Foi um olhar frio. Constatamos ali, naquele breve momento que:___ O Tempo é implacável!E ele havia passado, e nada mais poderia ser diferente do que é Hoje!
Os anos passaram, as coisas mudaram e foi se o tempo que pensava em você todos os dias, que sentia saudade, que pensava em nós dois com algum sentimento bom ou ruim.
Lembro de você vez ou outra, nada especial. Não é lembrança de saudade ou arrependimento, é apenas, lembrança, assim, simples e pura.
Ele, então sorriu-me, parecendo compreender com tristeza, embora não houvesse mágoa em seu olhar que seguimos caminhos diferentes.

NEO (Set/09)