sábado, 24 de março de 2012

APRENDENDO A DIZER ADEUS

Tenho a nítida impressão de nunca ter usado esta palavra “Adeus” na minha vida.
Não sou o tipo de pessoa que lida bem com despedidas, busco sempre marcar esses momentos com um “até breve” ou “até mais ver”, etc..
Não consigo me despedir de alguém para sempre, não consigo entender ou aceitar a idéia de que não haverá mais uma oportunidade de reencontro, para dizer a palavras que não foram ditas, para mais um café depois do almoço, mais um chimarrão no domingo à tarde, não gosto das definições eternas, eu preciso me assegurar da existência de uma segunda chance, de um reencontro, de uma oportunidade a mais.
Sinto medo nesse momento da minha vida, tenho medo das mudanças, das incertezas que o tempo e a suposta ausência devastadora de meu Pai fariam à minha família, tenho medo de não ter mais tempo pra dizer todas as palavras que tenho aqui dentro de mim, tenho medo de não haver mais nada, além disso, daqui e de tudo que eu vivi ter sido absolutamente em vão... Perto do fim, a única coisa que eu consigo sentir é medo, e nem isso eu consigo expressar!


NEO 19/09/10
UM VELHO AMIGO

Há alguns anos atrás um velho amigo me perguntou o que faria quando ele fosse embora, eu em resposta apenas sorri talvez eu não soubesse o que dizer talvez o silêncio fosse apenas medo de ouvir a força que minhas palavras teriam se eu chegasse a pronunciá-las!Sentimentalismo nunca foi uma das minhas qualidades, pra falar a verdade nem combina com minha personalidade irônica. Mas o fato é que, agora pouco atendi ao telefone, era a irmã desse meu velho camarada, me informando que ele se foi para sempre! E eu estou aqui, sem saber o que pensar, mas ele foi embora, e agora nunca saberei se algum dia ele soube que faria a falta, que está fazendo nesse momento!
O mais irônico de tudo isso é que agora eu estou em silêncio e tudo que eu queria era falar as palavras que eu nunca cheguei a dizer! Está chovendo lá fora, está frio, eu me sinto perdida aqui dentro desse apartamento, e tenho tantas dúvidas! Mas que embora inútil agora, fique registrado mesmo assim: Meu velho camarada Marcelo tu vais fazer falta por aqui, vai em paz amigo e guarda um jonnie Walker 12 anos pra gente brindar quando eu for ao teu encontro do lado de lá!

NEO (22/05/10)
SEM EXPLICAÇÃO

Eu não saberia explicar em palavras o que sinto por você, mas eu sei que até mesmo na minha completa ausência, há algo muito nosso que está dentro de tiJ.........E se me faço ausente, não significa que não me importe, é apenas minha maneira de gostar de alguém que por muitos ou por todos os motivos não pode ser meu! Se abri mão, não significa que não amei o suficiente, foi apenas a maneira que encontrei pra que você não visse minhas lágrimas, se fico em silêncio, não significa que não tenha nada a dizer, é que todas as palavras são inúteis agora.
Se me afasto, não significa que não queira a companhia, é apenas uma maneira de manter minha lucidez.

NEO (MAR/10)
PERDOE

Perdoe-me por te amar assim, não foi minha escolha, nem foi sua culpa.
Não ligue para essas lágrimas bobas que insistem em molhar meu rosto, não é nada demais
Você pode ir embora, sem olhar pra trás...
Não é nada, é só tristeza mesmo, só mágoa passada...
Faz de conta que você nem notou essa ferida,
Segue em frente meu amigo
Já passou da hora da tua partida!
Deixe que nossas lembranças, eu levo comigo...
Nem se preocupe com o silêncio dessa despedida
Há palavras que nunca deveriam ser ditas nessa vida!

כ ך

NEO (Março/10)
QUANTO AS DESPEDIDAS

Assim como nem sempre as lágrimas são provas de amor, nem sempre as despedidas são acompanhadas de tristeza, nem sempre a morte é ruim, nem sempre...
Assim como as estrelas sempre estão no céu, mesmo em noites frias e escuras, quando não as veemos, algumas despedidas são acompanhadas de lágrimas de tristeza, outras de sorrisos de compreensão, algumas partidas são turbilhão, outras são pazes! Algumas despedidas são tormentos, outras são descansos!
No final, não importa qual seja a despedida, o que realmente importa é que se encontre em todas elas, finalmente, a paz!

NEO 20/01/2010.
CAMINHOS SEM VOLTA

Os amigos são anjos que nos ajudam a caminhar através desse vendaval chamado vida!Mostrando-nos o caminho de volta, assim que nos perdemos.
Mas alguns de nós pegamos caminhos sem volta! Então quando já não possuem mais forças para caminharem por si mesmos e não podem voltar é o momento das pessoas que amamos, abrirem seus corações e, estenderem suas mãos, finalmente nos ajudando a chegar ao fim do caminho, da maneira mais rápida e menos dolorosa possível!
Quando se ama muito alguém, e já não se pode ajudá-lo a voltar, é preciso ajudá-lo a ir embora!
Eu acredito que quando amamos verdadeiramente alguém, nós fazemos sempre o que é melhor pra ela, mesmo que isso signifique renúncia, mesmo que isso possa fazer nossos humildes corações humanos sangrarem, mesmo que isso signifique ajudá-la a ir embora para todo o sempre!Mas você sempre fará o que for melhor para ela. Essa é a única razão de se amar verdadeiramente alguém!

NEO (09/01/2010)
ROSAS VERMELHAS

Aquele fim de junho estava sendo muito frio, ela olhou pela janela o céu nublado e escuro, ajeitou a touca vermelha e preta na cabeça, fechou melhor o grosso casaco de lã escuro, esfregou as mãos ao sair pela porta, era difícil de respirar naqueles dias.
Atravessou a rua com passos lentos, a caminhada não era longa, devia demorar uns dez ou quinze minutos até a estação – detestava manhãs nubladas e frias – sempre atrasava! Hum... Aquele cheiro de café e baunilha que vinha da padaria da esquina e lembrou-se dos cafés aos sábados à tarde com seu velho pai de cabelos brancos e ar compassivo, sentiu uma profunda saudade de velhas memórias... Então pensou num relance – Na volta vou comprar rosas vermelhas para papai! – Eis a única coisa que unia ela ao seu pai – O gosto comum por rosas vermelhas – Porque será DEUS que as rosas são vermelhas?! – Pensou consigo e sentiu certa angústia por não saber tantas respostas quanto gostaria de saber!
Viu o garoto passar correndo à sua frente, viu os cabelos louros brilhando – nem percebeu seu olhar assustado e a arma em sua mão– e sorriu, pensando na energia e incrível disposição do menino sob o frio intenso, sentiu-se viva e bem consigo mesma – ergueu a gola do casaco e ouviu o grito do menino louro, e sentiu apenas a bala atravessar sua carne, havia gosto de sangue na boca e lembrou-se das rosas vermelhas.
O dia seguinte estava lindo, havia um sol magnífico sobre as altas copas das árvores iluminando o vivo verde dos gramados, quando colocaram seu caixão na fria cova. Os amigos choraram sua partida e em seu túmulo deixaram dezenas de rosas vermelhas – suas preferidas.

NEO – 26/06/09.